23 de dezembro de 2009

Aviso D:

É... Cáh deixa o BH.

Foi muuuuito bom fazer esse Blog, mas agora eu estou simplesmente desanimada. O Blogger perdeu sua magia (LOL). Podem comemorar, se livraram da chata aqui *-*

Eu queria agradecer muito aos leitores, e a Bells também ^-^ Ok, ok, eu não vim aqui pra dar uma de oradora de formatura. Só queria dizer bye ;*

(Bells, se quiser, eu fico na equipe pra corrigir o internetês nos posts :B)

18 de dezembro de 2009

A Mulher Da Cadeira De Pregos - Parte V: Carol Não Pegou Meu Caderno

No dia seguinte, fui na casa da Carol e perguntei se ela tinha pegado meu caderno. Ela falou que não, e eu falei que a brincadeira era muito boa mais ela sabia como aquele caderno era importante para mim. Ela ficou co uma cara pensativa, e eu perguntei o que era. Ela falou que não tinha pego o caderno mesmo, e que estava pensando quem poderia ser:

- É serio Isa, eu não peguei seu caderno, você deve ter posto ele em algum lugar mais não está lembrando agora...

- Não, eu lembro que eu o deixei em cima da cama, e quando voltei ele não estava mais lá. Quem será que pode ter pego? Você não foi, a Cindy nunca gostou dessas brincadeiras, o Mike está no primo dele e o Jess... vamos ligar para o Jess?

Ligamos, ele não estava em casa, e a mãe dele falou que ele ia ligar assim que chegasse. Aí me bateu uma pergunta.

- Carol, e se não for o Jess, quem pode ter sido? Você não pegou, a Cindy... e se a Cindy quer se vingar por alguma coisa?

- Do que a Cindy vai querer se vingar? A maioria das vezes que ela pede alguma coisa tem que ser do jeito dela... e vocês nunca brigaram, não é?

- Bom, acho que a gente brigou algumas vezes quando estavamos na primeira série, ela era mais mimada do que já está. Mas faz tantos anos, você acha que ela vai querer se vingar por alguma coisa depois de uns 3 anos?

- Quem sabe, a gente poderia ligar na casa dela também, vai que ela pegou...

- Alô, a Cindy está? É a Isa, amiga dela.

- Alô?

- Oi Cindy é a Isa, então, ontem você pegou meu caderno de desenho?

- Caderno de desenho? Você tem um caderno de desenho? Não, não peguei não, e mesmo que tivesse pegado, para que eu iria querer?

- Sério Cindy, certeza que você não pegou? Esse caderno significa muita coisa para mim.

- É sério, eu não peguei, nem sabia que você tinha caderno de desenho.

- Hm, tá bom então, valeu, tchau e beijos.

- Beijos.

- Ela não pegou, só falta o Jess. Mas e o Mike, você sabe o número da casa do primo dele?

- E você acha que eu vou saber? Óbvio que não, mas a gente pode ligar na casa dele e falar pra mãe dele falar que a gente ligou, e com certeza ele vai ligar de volta, ele é cheio de curiosidade.

- Alô? Senhora Mônica? Dá para avisar ao Mike que eu liguei? E diz pra ele me ligar de volta, por favor? Tenho que perguntar uma coisa pra ele.

- Está bem, querida, ele vai voltar umas cinco da tarde, eu falo pra ele te ligar, o.k.?

- O.k., obrigada, tchau.

- Ela vai falar para ele. Mas eu estou com medo de nem o Mike nem o Jess tenham pego, se eles não pegaram, quem ia pegar?

E um arrepio subiu pela minha espinha, fiquei paralisada por um momento, e depois falei:

- Carol, você acha que a Jasy poderia pegar meu caderno?

-Que isso, para de besteira menina, ela anda numa cadeira de rodas, como ela ia entrar no seu quarto sem ninguém ver?

Também pensei naquilo por um momento, mas se não fosse nem o Mike, nem o Jess, quem poderia ser?Jasy podia ter alguém que trabalhava para ela, e eu sempre desenho coisas que eu sinto, mas... para que ela ia querer saber o que eu sinto?

4 de dezembro de 2009

A Mulher Da Cadeira De Pregos - Parte IV: Alguém Pegou Meu Caderno

Depois daquele dia, tudo na minha vida parece que tinha desmoronado, as notas estavam caindo, eu estava com febre, e a Carol falava que ia sair da escola. De repente, me deu uma vontade imensamente louca de voltar naquela casa e falar com Jasy, mas ninguém queria ir comigo, e eu não queria ir sozinha. Depois da escola, peguei um caderno qualquer, de qualquer ano, e comecei a desenhar, para distrair o tédio. Entrei no meu quarto e me tranquei lá, deitei na cama de barriga para baixo e comecei a desenhar.

Depois de fazer desenhos inúteis, estava fazendo uma casa, uma casa velha e grande, mas nem sabia porque estava desenhando aquilo, fiz a casa, e depois uma mulher na frente dela, que usava cadeira de rodas, e óculos, porque era cega. Estava começando a ficar com medo de mim mesma, como eu podia desenhar alguma coisa tão parecida com o que eu vivi em um dia de minha vida?

Já era sete da noite. Minha mãe me chamou para o jantar, eu falei que não queria ir, mas ela falou que se eu não fosse, eu também não poderia ir na pizzaria com a Carol e o Mike. Fui, e deixei o desenho em cima da cama. A comida até estava gostosa, com lasanha  e coca cola, mas quando acabei de jantar que voltei para o quarto para recomeçar meus desenhos sem nenhuma criatividade, meu caderno não estava mais em cima da cama.

Fui perguntar para minha mãe se ela tinha visto meu caderno, mas ela falou que eu não tinha ido com ele para a cozinha.

Perguntei para minha irmã, até para o vizinho, procurei o caderno feito louca mas não encontrei. Pensei no que eu tinha desenhado, e que talvez a Carol tivesse ido lá em casa sem me avisar e pegado meu caderno por brincadeira. Depois de horas de tédio sem meu caderno, eu fui dormir, vendo se ele aparecia no dia seguinte. Sem saber porqe, ele estava parecendo muito importante para mim naquele momento, e sabia que Carol ia devolver alguam coisa que era importante para mim.

24 de novembro de 2009

Renée - Parte V: Sangue humano

Eu estava atordoada. Não sabia o que estava acontecendo. Aquilo fora um sonho de coma? Não, isso não acontecia. Não era normal...

Percebi que havia uma comoção entre os enfermeiros. Tentei me levantar, mas um deles me segurou na cama. Com certa força removi seu braço do caminho e me levantei. Olhei em volta. Todos me encaravam, espantados.

Não, me diga que não é o que estou pensando.


Caminhei até o medidor dos batimentos, ainda com aqueles fios ridículos presos a mim. Arfei assim que olhei, e caí de joelhos.
Nada. Sem batimentos.

Aquilo era o motivo da comoção.

Eles sabiam.

Como eu lidaria com aqueles médicos?

Eu não podia deixar como estava. Não podia expor minha existência. Provavelmente não haveria tolerância se descobrissem a verdade.

Mas... Mata-los? Aquela perspectiva era horrível. E como eu faria isso sem atrair suspeitas? Havia um modo?

Sim, havia.
Podia dar conta dos três rapidamente e sair pela janela. Quase ninguém teria tempo para registrar meu rosto. E se registrasse... Provavelmente não se envolveria.

Além disso, minha garganta estava ardendo. Sede.

Eu não ia me controlar, de qualquer jeito. Alguém morreria. Um propósito atenuaria a minha culpa.

As chamas já estavam insuportáveis. Me abaixei lentamente, e dei um salto na direção dos enfermeiros.

21 de novembro de 2009

A Mulher Da Cadeira De Pregos - Parte III: Dia Estranho

Ela se virou e saiu do comodo, deixando-nos sem saber o que fazer. Cada um queria uma coisa: Jess queria sair dali, Mike queria ir atrás dela, Cindy queria pentear o cabelo, Carol queria ficar ali e eu... bem, eu não sabia de certo o que eu queria. Depois de muito conversar, decidimos ir embora daquele lugar assustador.
 
 
Voltamos todo o caminho que fizemos umas mil vezes e abrimos a porta. Fomos para a calçada, eu olhei no relógio: duas horas tinham se passado. Só aí lembramos de nossos pais, e começamos de volta para minha casa, onde nos encontramos, abri o portão desesperada, mas a hora que entrei na sala, ninguém falou nada, ninguém ficou bravo. Perguntei porque ninguém tinha ficado igual ficaram outras vezes, gritando comigo. Minha mãe deu uma resposta curta: "Voltaram tão cedo? Só faz cinco minutos." 
 
Não entendi. Olhei para Cindy, mais preferi encarar aquilo melhor do que ficar naquela casa. Todo mundo foi embora, e eu fui tomar um banho. "O dia foi muito estranho" eu pensava, sem entender nada. "Minha vida é muito estranha". Mas decidi aceitar já que aquele era meu destino, foi melhor que receber bronca, mas pior do que um dia estranho.

20 de novembro de 2009

Renée - Parte V: Criaturas da noite

Acordei. Estava num lugar desconhecido, não me lembro como era ao certo. Parecia um quarto de hospital, branco, com macas, mas totalmente deserto.

Olhei a minha volta. Vultos encapuzados se materializaram, seus rostos ocultos pelas sombras. Eu me sentia dolorida, mas sob outros aspectos, bem. Não sabia o que estava acontecendo. Alguma coisa no meu rosto deve ter denunciado a minha confusão, pois a “criatura” mais próxima disse, com uma voz aguda:

– Você esteve num coma profundo. Nós te trouxemos de volta.

– Obrigada. – disse eu – Quem são vocês? Onde estou?

– Quem somos não te interessa. Você está num quarto de hospital, mas numa dimensão diferente. Agora, sem mais perguntas.

Não fazer mais perguntas nunca fora mais difícil, quando minha cabeça estava lotada de pontos de interrogação. Dimensão diferente? Seria um sonho? Percebi que a criatura voltara a falar, e saí do meu devaneio:

– As pessoas são engraçadas. Você acha mesmo que nós trouxemos a sua vida de volta como um favor? Tudo tem um preço. Se você quiser ficar com esse seu corpinho, terá de pagar.

– Com o quê? Eu não tenho nada para oferecer, só tenho dívidas, uma pensão abandonada e um carro destruído – lamentei.

– Não queremos nada disso – riu a criatura – Não nos adianta em nada. Nós queremos o que você tem de mais precioso.

– O quê? – perguntei, curiosa.

– Sua alma.

O tom de voz da criatura era suave. Estremeci: como poderia dar aquilo? Tentei me forçar a correr, mas minhas pernas iriam ceder. Com os olhos pregados na criatura, disse, num sussurro rouco:

– Pode explicar melhor?

– Nós queremos a sua alma. Você tem que prometer servir ao próprio Rei do Inferno até o resto de seus dias. Você vai ser uma vampira. Vai se alimentar do sangue alheio, mantendo-se sempre jovem. Viver eternamente. Tudo que pedimos é a sua alma.

Tentei me forçar a acreditar que sonhava, mas sem sucesso. Tudo era muito real, o cheiro característico de hospital, as dores no corpo, a voz da criatura, os arrepios que percorriam meu corpo... Não era um sonho. Tinha que me decidir. Viver para sempre e me alimentar do sangue de pessoas? Ou morrer tão nova, sem família ou amigos? Não, eu não podia fazer isso. Tinha que tem a chance de viver também. Eu não tinha nada a perder e tudo a ganhar. Tomei uma decisão: não ia desistir da minha vida tão facilmente.

– Aceito. - minha voz falhou na tentativa de dizer isso com confiança.

Imediatamente, as criaturas sumiram. Eu me vi acordando no mesmo hospital. Agora estava rodeada por enfermeiros. Era incrível como não havia ninguém até uns segundos atrás.

– Ela acordou! – gritou um enfermeiro, checando os batimentos cardíacos.

17 de novembro de 2009

Renée - Parte IV: Tragédia

Eu estava gostando muito de ficar hospedada naquele lugar. Tinha condições financeiras boas, tinha um lugar bom para morar, tinha emprego, tinha companhia. Quando parecia que tudo ia dar certo, meu mundo desmoronou.

A Sra. Linch, que já era uma espécie de mãe para mim, teve um ataque cardíaco. Como não tinha filhos ou família, ela deixou todos os seus bens para mim. Entre eles, um carro e a pensão.

Se eu já estava abalada com a morte dela, não poderia descrever o que senti naquele momento, quando soube do testamento. Não, não foi alegria. A pensão estava afundando em dívidas. Sem hóspedes, sem dinheiro e com um emprego que não conseguia pagar tudo, fiquei depressiva.


Com a depressão, veio o vício. Comecei a depender de álcool. Toda noite, eu saía e entornava. Era horrível, eu sei, mas era o único jeito de "melhorar".

Então, numa noite, eu tinha saído para mais uma noitada. Eu voltava para a pensão, completamente desnorteada, quando aconteceu.

Eu estava ouvindo música nas alturas. Via placas passarem como borrões, em alta velocidade. Lembro de pouca coisa desse dia. Tudo que eu lembro é que vi um borrão vermelho logo acima de mim. Duas fortes luzes brancas foram ao meu encontro, ouvi gritos, fui jogada para frente e tudo desapareceu.

Renée - Parte III: Falido

Tinham se passado dezesseis anos desde que eu chegara ali. O orfanato fechou por falta de recursos financeiros. Todos os pertences das crianças foram devolvidos e tivemos que sair, numa cinzenta e chuvosa manhã de terça-feira.



Eu saí decidida a ter uma vida pelo menos aceitável. Não me acostumaria a me desdobrar para conseguir comprar alguma coisinha, ou ter que morar na rua. Eu passei o dia todo, desde que saí, tentando achar um lugar para morar, pelo menos uma noite, e com um pouco de sorte eu acharia um emprego. Depois eu pagaria. Mas não precisavam saber disso, é claro.


Achei uma pensão razoavelmente boa, onde me hospedei. A dona era uma velhinha muito simpática, cabelos brancos, baixa e magrinha, Sra. Linch. Acomodei-me num quarto com um ar antigo, móveis grandes de madeira, com grandes puxadores trabalhados de um metal que lembrava prata envelhecida, uma cama com uma cabeceira de madeira também esculpida, uma lareira de tijolinhos com um fogo vivo e esperto crepitando. Tomei um bom banho no banheiro ao lado e, assim que me deitei, adormeci.

~x~


Acordei no outro dia atordoada, sem saber onde estava, até que me lembrei do dia anterior. Totalmente compreensível, pois eu acordava no mesmo quarto desde que eu me conhecia por gente, e não estava acostumada com aquele ambiente novo.


Tomei café da manhã com a Sra. Linch, pois era a única hóspede. Eu contei minha situação, tendo o cuidado de não dizer que não tinha dinheiro, e ela disse que tinha uma amiga que era dona de uma loja de roupas que procurava empregados.


Fui até a loja de roupas. Lá, entenderam minha situação e me deram emprego como lojista. Já podia pagar a moradia e comprar alguma coisa que eu precisasse. Voltei para a pensão, e, sem nem ir jantar, dormi profundamente.

12 de novembro de 2009

Inscrições para membro abertas!

Isso mesmo, o BH está aberto para quem quiser postar *-*

Basta enviar seu apelido e uma história (não precisa de fim. Só para sabermos se você realmente sabe escrever um pouco melhor do que uma criança de 3 anos @_@) para o email do BH, conta.blog@hotmail.com ou  cah_vampire@hotmail.com (o primeiro da Bella, o segundo da Cáh). Em pouco tempo te responderemos n.n

6 de novembro de 2009

Random? :3

Senti necessidade de criar uma nota aqui. Embora não comentasse nada com a Bella, estive com medo. Medo que as minhas histórias que eu fiz com tanto carinho e as da Bella fossem copiadas. Nós temos provas de que fizemos tudo aqui, mas você sabe... Nada é garantido.

Nós realmente queremos continuar postando aqui, fazendo nosso trabalho não mofar naquele cantinho sombrio que só ocupa espaço no Word. E pedimos que colaborem.

E eu preciso pedir desculpa pelas poucas postagens e por textos não-terminados que talvez nunca terminem. But, like... I'm only human o.o

E por favor, se lê/já leu o Blog, nos siga, comente ou etc. É realmente desestimulante postar e ninguém ler (mesmo se divertindo muito com a amiga =*)

E eu tive uma idéia ótima enquanto fazia isso. Só falta a Bella aprovar.

30 de outubro de 2009

...

Ai... Sem querer preocupar ninguém, a gente não está mais postando todos os dias porque não temos mais imaginação para criar histórias, mas assim que a gente tiver alguma coisa pra postar prometo que eu ou a Cáh posta tá?

27 de outubro de 2009

Renée - Parte II: O orfanato

O orfanato era um lugar velho, mas bem confortável. Eu dormia num beliche simples, na parte de cima, com uma garota chamada Lien dormindo embaixo. O quarto tinha lâmpadas incandescentes de luz amarela. Havia uma janela com cortinas brancas de renda dando para um pequeno canteiro de flores, aonde os pássaros iam de manhã, bem cedo. No chão, um tapete vermelho no estilo persa. Um guarda roupa para cada uma, pequeno, de madeira escura e envernizada. Uma escrivaninha bem grande para fazer trabalhos de escola, de madeira, colocada ao lado da janela, completava o visual.



Lá, eu tinha várias amigas. A melhor delas era Lien, minha colega de quarto. Digamos que eu era bem popular. Eu era muito animada, esperta e adorava fazer rebeldias. Talvez por isso nunca tenha sido adotada. Acho que preferem crianças certinhas e quietas.


Todos os dias, ficava de manhã na sala de aula, aprendendo Português, Matemática, Ciências, Geografia, História e Literatura. Eu sempre fui uma aluna “na média”. Não era muito boa, mas passava. Achava tudo inútil, e detestava perder tempo ali (de que me adiantaria saber quando a América foi descoberta e saber a raiz quadrada de PI quando eu nunca usaria isso na vida?). A sala era retangular, bem grande, com carteiras rabiscadas em fileiras retas. Um grande quadro-negro cobria uma das paredes, deixando transparecer aqui e ali um pedaço de papel de parede encardido.


Eu sempre achei que o orfanato não era o meu lugar. Mas, mesmo que eu não percebesse, eu tinha encontrado ali uma família.

19 de outubro de 2009

A Mulher Da Cadeira De Pregos - Parte II: Tomando chá com a coisa

Olhamos para a coisa de espinhos na cabeça. Ela vinha em nossa direção, decidimor correr, óbvio, mas não sei como, corri mais do que eu sempre corria na escola, voltamos para a sala, pulamos o tapete e abrimos a porta. Corrigindo: TENTAMOS abrir a porta. Ela não abria. Corremos até a cozinha. Não dava para decidir com calma em que porta entrar, entramos na última. Também tinha uma escada, pensei que com certeza ela também levaria àquele quartinho, voltamos, entramos na primeira, estavamos muito assustados para perceber que a coisa estava atrás de nós. quando percebemos, vimos que era uma mulher, uma mulher toda ensanguentada, uma mulher toda ensanguentada numa cadeira de rodas, uma mulher toda ensanguentada numa cadeira de rodas e com pregos na cabeça.


Pensei que iríamos morrer naquele momento, pensei qualquer coisa naquele momento, não dava para pensar vendo uma mulher horrível cheia de sangue com pregos na cabeça e numa cadeira de rodas. Mas, em vez dela nos matar, fazer qualquer coisa com nós, ela nos levou para o segundo quarto, onde havia uma mesa, copos e pratos. apontou para as cadeiras, acho que ela queria que a gente sentasse. Sentamos logo, vai saber o que ela poderia fazer com nós se não sentássemos. Ela foi até a geladeira (que, por sinal, era menor que todo mundo), pegou uma jarra, e alguma coisa embrulhada em um papel de cozinha.


Não sei por que, mas eu estava sentada em último na mesa, muito longe dela, e em vez dela servir primeiro aquela coisa para o Mike, veio em minha direção, colocou a coisa que estava dentro da jarra (chá) no meu copo, tirou o embrulho e colocou um salgado no meu prato. Pensei que tudo aquilo estava envenenado, e estava quase falando que não iria comer aquilo nem beber o chá, mas veio outro pensamento: eu estava nas mãos dela, ela podia fazer o que quisesse com nós todos, que ninguém ia ficar sabendo. Decidi primeiro tomar o chá. Olhei para ela, a luz do luar refletiu nos seus olhos, e vi que ela não tinha olhos!! Bem, ter ela tinha, só que pareciam que era de vidros, me estremeci toda e fiquei arrepiada, enquanto levava o copo até minha boca, pensando que aquela noite seria o fim da minha vida. Tomei o chá, uma delícia, olhei para ela, ela olhou para o salgado. Peguei o salgado e dei uma mordida, olhei para ela de novo, ela olhou para mim e deu um sorrisinho (parecia que ela não escovava os dentes a anos e anos!)


Depois, foi a vez de Jess, fez o mesmo procedimento, ele olhou para ela, olhou para mim e começou a ficar vermelho, e eu olhei para ele com uma cara de "Toma logo se não ela te mata"... Ele tomou e comeu o salgado, ela deu um sorrisinho e foi a vez de Carol. Aconteceu sempre a mesma coisa, mas quando chegou na vez de Cindy, ela não queria tomar, e quando Cindy decidia alguma coisa não tinha ninguém que fizesse ela mudar de idéia. A coisa, assim como eu defini naquele momento, e acho que como todo mundo definiu ela desse nome, olhou para a Cindy, seus olho de vidro começaram a ficar mais vermelhor, ela entortava a sombrancelha, quando foi com tudo para cima de Cindy, que decidiu tomar logo o chá antes que a coisa a matasse. Tomou e comeu, e foi a vez de Mike, que não aguentando mais quilo também tomou e comeu rapidamente, depois ela se sentou na única cadeira que sobrava, então que percebi: como ela tinha exatamente a quantidade de cadeiras necessárias para nós e para ela? Será que ela ficava nos espionando, será que ela via o futuro, será que ela era de outro planeta, será que ela era mutante? Tantas perguntas se passavam na minha cabeça que nem percebi que a coisa já estava do meu lado. Ela olhava para mim, como se soubesse o que eu estava pensando, e eu olhava par ela, fazendo sempre as mesmas perguntas. Ela decidiu se sentar de novo. Todo mundo olhava atenciosamente para ela, quando abriu os lábios, ia falar alguma coisa, eu pensei que ela não falava, todo mundo ficou assustado e ela começou:


- Sou Jasy Tames, fui abondonada por meus pais quando criança. Eles me embrulharam em um saco de lixo, e me jogaram no rio. Depois disso, não sei se alguém me achou, se eu fui adotada, não lembro, perdi a memória com a pancada na cabeça que levei quando eles me tacaram no rio. Só sei que morri. - quando ela falou aquelas palavras, todo mundo levantou da cadeira, mas ela olhava para nós com uma cara de carente, que eu, pelo menos, decidi sentar, acho que ela era solitária, morreu quando criança, e queria saber mais sobre sua vida, porque aí poderíamos mudar o nome dela de A Coisa para Jasy Tames. Como todo mundo me viu sentar, sentaram também, e ela sempre continuava, olhando para cada um de nós com seus olhos de vidro que pareciam ser muito solitários. - Depois que morri, como eu pensava em toda a minha vida, não fui para o céu, fiquei aqui, e sempre vivia andando por aí, sem ninguém me ver, sem ninguém falar comigo. Quando era adolecente, uns homens vieram aqui e construíram essa casa, só que ninguém morava aqui, então decidi vir, pelo menos quando chovia eu tinha onde me abrigar. E estou aqui até hoje, e contam, não sei como voces ainda não ouviram essa história, contam que essa casa é mal assombrada, porque as pessoas que moravam pelo bairro sempre que passavam aqui viam uma coisa brilhante passando na janela, e uma vez uma menina decidiu entrar aqui, e nunca mais saiu. Se essa menina entrou, existe outra pessoa aqui que eu não sei, porque não vi menina nenhuma entrar, até hoje, as únicas pessoas que eu falei foi com vocês, minha professora, e minha melhor amiga, porque nem podia chegar perto dos meus pais que pareciam que eles tinham nojo de mim.


Depois de ouvir isso, não acreditei que fiquei com medo de entrar naquela casa, mas não me contia a vontade então falei:

-Sem magoar você, mas como você ficou com essa cadeira de rodas e....

-Pequeno detalhe que esqueci de contar, é que quando eu era criança, bati minha coluna vertebral e perdi o sentido da cintura para baixo, então comecei a usar cadeira de rodas, estou toda ensanguentada por causa desses pregos, e estou com esse pregos porque.... é, não sei bem porque, mas já faz tanto tempo que não sinto mais nada.


Não sabia o que viria depois, mais sabia que aquela coisa, ou melhor, que a Jasy Tames não fazia mal algum, ou pelo menos achava que não fazia, estava tão confusa que nem sabia o que pensar...

18 de outubro de 2009

Renée - Parte I: Introdução

Eu era pequena quando fui para aquele orfanato velho. Não soube direito o porquê de eu não ter pais como as outras crianças que via nas missas de domingo, até certa idade.


Quando eu tinha oito anos, a Srta. Mynel me contou que, quando eu cheguei naquele lugar, eu era recém-nascida. Meus pais tinham me abandonado assim que nasci, e a Sra. Chloe tinha me encontrado na soleira da porta quando estava trancando as portas antes de ir para o seu quarto. Eles nunca quiseram ter filhos. Foram imprudentes, e o resultado não foi o que esperavam. Na época, eu não entendi o que era essa "imprudência", mas agora compreendo.


Nunca soube onde nasci, se tive tios, irmãos, avós... Nunca soube de nada sobre a minha família.
Sempre achei injusto que as outras crianças pudessem ter pais, mas eu não. Eu sempre acreditei que um dia meus progenitores iam me buscar, me levar para casa e pedir desculpas. Como eu era tola.

14 de outubro de 2009

A Mulher da Cadeira de Pregos - Parte I: A Coisa de Espinhos na Cabeça

- Oi mãe, cheguei da escola! - dizia Carol, enquanto entrava em sua casa, jogava a bolsa no sofá e corria para o quarto, nem esperando a mãe dizer oi. Carol, que na verdade se chamava Carolina, estudava em uma escola onde todas as pessoas grandes eram implicantes (adultos, mas para ela aquilo era crianças, só que muito altas, então chamava de pessoas grandes), mas para ela era legal, pois sempre vivia muitas aventuras com seus melhores amigos: Isa, Mike, Cindy e Jess. Os cinco amigos sempre viviam juntos, parecia que era grudados, e também iam aos lugares juntos. Um dia, foram ao cinema assistir um filme de terror. Todos, menos Jess, que ficara doente.


Quando saíram de lá, Isa teve uma idéia, que sabiam que todos iam concordar:


-Porque a gente não vai tomar sorvete no TMB? - mas, ao invés de ouvir um sim bem forte de todos gritando, ouviu apenas um silêncio, e depois a voz de Mike perguntando:


-TMB? Legal, abriu uma sorveteria nova!


-Não... TMB é o Tudo Mucho Bom, é que para não falar T-U-D-O M-U-C-H-O B-O-M, eu falo TMB...


Depois de ouvirem essa explicação insignificante, todos concordaram e lá foram eles para o TMB. Quando voltavam para casa, Mike viu uma casa que se destacava entre as outras. A cidade em que moravam era pequena, mas muito bonita. As casas ficavam todas acesas, com luzes na varanda e nos corredores. Mas a casa que Mike não conseguia tirar a atenção era diferente, ela era toda escura, sem sequer uma única luz acesa.

Isa olhou para Carol, com cara de quem teve uma idéia, Carol olhou para Cindy, Cindy olhou para Mike, e depois de pensarem sobre o assunto, decidiram entrar. Mas, quando estavam atravessando a rua para entrar na casa, Isa lembrou o que poderia fazer eles não entrarem (pois, como todo mundo, ela também estava com medo, e sabia que queriam ouvir alguma voz para interromper aquele passeio na casa misteriosa), e disse:


-Ei, mas se a gente entrar, passar uma aventura e depois contar para Jess, ele não vai acreditar. É melhor vir com ele, e também, não podemos esquecer da hora, minha mãe falou que eu tenho que estar 10 horas em casa, se não ela me põe de castigo - depois disso, só ouviu uns comentários baixinho, mas no final todos foram para casa.


Uma semana depois, Jess já estava melhor, então chamou os amigos para comer pizza na pizzaria mais famosa da cidade, para celebrar. Estavam indo para lá, quando Cindy se lembrou da casa. Jess ficava toda hora perguntando para que casa eles estavam indo, enquanto caminhavam até lá.


Chegaram. Olhavam para a casa. Jess quase teve um ataque cardíaco quando soube que queriam entrar lá. Carol foi primeiro. Colocou um pé na rua. Sentiu um arrepio na espinha. Mas foi andando, com mais medo do que no primeiro dia, até chegar no outro lado da rua. Todos atravessaram. Sabiam que já tinha passado uma etapa daquela aventura que provavelmente passariam. Mas também sabiam que aquela casa tinha alguma coisa estranha, não só as luzes apagadas, mas tudo no que nela existia. E não sabiam explicar...

Pisaram na grama. Alguma coisa os atraiu para dentro da casa, mas a vontade era de saírem correndo. Puseram o outro pé. Viram alguma coisa passando na janela. Quiseram gritar e correrem para debaixo de seus cobertores, mas parecia que suas forças tinham acabado. Parecia filme de terror, não conseguiam olhar para nada, a não ser para a casa. Também não conseguiam dizer uma palavra, a rua estava deserta. Foram andando pela grama verde escura brilhante, quando viram, de novo, alguém passar, só que invés de ir em frente, parou. Parecia que aquela coisa tinha espinhos na cabeça, e olhava para eles. Os olhos da coisa brilhavam, refletindo em seus olhos, que quase choravam de medo. Todos pararam de andar, suas forças tinha voltado, olhavam uns para os outros, mas não conseguiam correr.


Depois de olharem ao redor, continuaram andando, olhando para a coisa que ainda não saíra da janela. Chegaram na porta... ninguém queria abrir. Jess, não aguentando mais aquilo, abriu a porta logo para eles verem que não era nada e que aquela coisa na janela era só ilusão, e para irem embora de uma vez. Como Jess tinha abrido a porta, ele entrou primeiro, seguido por Isa, Carol, Cindy e Mike, que quase pulava no colo de Cindy de tanto medo. Se viram em uma sala enorme, com muitos móveis que pareciam que eram históricos de tão velhos. Isa, muito esperta, viu um tapete no chão. Falou para não passarem em cima do tapete, pois podia ser uma armadilha. Ouvindo isso, todos começaram a olhar em volta para ver se mais alguma coisa era suspeita e se podia ser uma armadilha. Passaram pela sala, depois, viram apenas uma porta para entrarem, estavam andando na direção dela quando ouviram o barulho da porta fechando, todos deram um pulo, e depois de quase meia hora, decidiram prosseguir com a aventura. Entraram na cozinha, e novamente viram se não tinha nada suspeito para ser uma armadilha, só que em vez de verem só uma porta, viram várias, cada uma dava em um lugar.

Decidiram entrar na porta do meio, pois dizia por aí que tudo que estava no meio dava sorte, mas para eles não deu. A porta dava para um quarto, que nem tinha cama, mas tinha uma escada, queriam voltar, mas continuaram por ali mesmo. Subiram a escada, entraram em um quartinho, onde apenas dava para se ver uma velha vela iluminando uma escrivaninha. Foi então, que viram a coisa preta de espinhos na cabeça... Já sabiam o que viria depois...

13 de outubro de 2009

Coisinha básica....

Só lembrando aqui que nós não nos responsabilizamos por qualquer coisa que acontecer com o leitor desse blog, como também foi divulgado no assustador.com (se vocês tem muito medo, não entrem lá, eu quase morri de medo.... Sério eu nem dormi direito xD)
Nós temos tendência a fazer histórias de terror, nemliga.

Autobiografia de um fantasma

Olá. Me chamam de Kathleen. Ou pelo menos chamavam.

Sim, sou o fantasma de uma mulher. Estou aqui para contar a minha história.

Era meia-noite. A hora em que os fantasmas apareciam. A hora em que o capeta andava solto pelos túmulos. A hora em que as bruxas saíam de suas casas sem o risco de serem vistas. A hora em que tudo que é bom se exvai, só deixando o mal reinar sozinho.

Naquela noite, eu estava muito cansada. Passara o dia inteiro viajando, e não agüentava mais dirigir. Tive que parar em algum lugar.

Fazia frio. Eu vi uma placa em tinta descascada indicando um hotel em cima de uma ladeira. Eu subi a montanha íngreme a pé rumo ao meu destino.

Chegando lá, vi que este parecia uma casa abandonada: tudo se resumia em ruinas. O mármore do saguão estava destruido. As lajes caíam sobre o chão empoeirado.

Algo terrível acontecera.

A curiosidade não me deixaria levar minha vida em paz. Se eu soubesse que ela levaria minha vida...

Resolvi entrar.

Galguei as escadas em plena escuridão. Alguma coisa deslizou junto aos meus pés. Tentei me convencer de que era um rato ou qualquer animalzinho. Mesmo assim, apressei o passo.

Cheguei a um quarto que me chamou a atenção. A porta tinha tinta branca descascada, diferente do marrom da madeira das outras. A maçaneta, não havia dúvida, era de ouro. Mas o detalhe mais interessante: manchas vermelhas.

Chequei o número do quarto. Treze. Devo ter recuado uns passos. É só uma supertição, pensei. Girei a maçaneta e entrei.

Era um quarto grande, parecia ter sido bonito antigamente. O piso de mármore branco contrastava muito bem com os tons de marfim na parede. Uma cama com quatro postes, com lençóis brancos já roídos de traças, ficava ao lado de uma pequena cômoda. Havia uma escrivaninha de madeira a um canto. Tudo estava coberto de poeira e mofo, mas as velas do lustre ainda brilhavam. Aquela destruição era recente.

Então eu ouvi um grito. Um grito que ultrapassa qualquer terror da vida humana. Um grito infinito de dor. O grito dos mortos.

Fui até a pequena janela, e me curvei para olhar.

Mãos, mãos mortas e podres saíam da terra. O quintal da casa era um cemitério. Paralisada de medo, não me mexi. Senti a presença de alguém. Me virei.

Um velho, os cabelos sujos até a cintura, a pele branca, caída, os olhos frios e espantosamente azuis me encarando, um sorriso maligno nos lábios descarnados.

- Sabia que a curiosidade matou o gato?

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O Mistério da Casa em que Vivi...

Quando eu era pequena, meu pai comprou uma mansão, fora da cidade em que vivia, em uma rodovia que parecia deserta.

Depois que a gente começou a morar lá, ainda me lembro de várias coisas estranha que aconteciam, desde que eu tinha 4 anos.

Com a idade citada acima, eu sempre via de noite brinquedinhos, que não pareciam brinquedinhos, mas sim tipos de fantasminhas, não sei como explicar, andando em volta da minha cama. Um ano depois, eu estava com tanto medo, que, sim, chamei minha amiga para ir lá dormir comigo, pois minha mãe achava que eu estava brincando com a cara dela... Pedi para Rosalinda, minha mãe, se Thays (a amiga) podia ir em casa, ou, se posso dizer, a mansão, e ela ainda falou:

-Minha filha, você tem que parar de ficar chamando amigas para dormir aqui, ainda está vendo bobices de criança?

Bom, para falar a verdade, não era só por causa da minha cama, era também porque sempre que assistia T.V., via fantasmas saindo dela, e vindo para cima de mim. E sempre me perguntava "Será que estava ficando louca?", descobri, depois de algum tempo, que não.

O telefone tocou, era minha amiga, falando, com voz de choro, que não ia dar para ela ir lá, mas que sábado que vem ela ia sem falta. Então decidi contar tudo o que estava acontecendo, ali, por telefone mesmo.

O "sábado que vem" chegou. Ela foi lá umas 10 horas da manhã, e só por causa disso minha mãe me deu uma bronca perguntando porque aquela menina que para ela era muito estranha tinha ido lá tão cedo. Para me livrar de um belo castigo que com certeza viria, falei que eu e Thays tinha que fazer um trabalho para a escola, e, também, Thays tinha faltado alguns dias por causa de uma febre bem forte e agora tinha que repor matéria. Por pura sorte, não sei como, ela acreditou... coitada.

Chegou a noite. Mais ou menos umas 11 horas a minha avó chegou, fazendo o maior a maior festa, falando que estava com vontade de fazer uma, e quando minha vó cisma com alguma coisa, até ela não fazer não pára sossegada. O problema era, que a festa que a minha vó queria fazer, não era uma festa com música e tal, era uma rodinha em volta da fogueira com alguém contando histórias de terror. Eu e minha mãe nos olhamos, ela com uma cara de "Não vai me dizer que a gente vai te que acender essa fogueira e ficar lá ouvindo histórias de terror né..." e eu com uma cara de "Pela cara da vóvó, acho que sim.... Não vou conseguir dormir essa noite, e não vai ser as minhas bobices de crianças...", por fim acabamos indo. Acendemos a fogueira, que acho que demorou 1 hora, porque ninguém sabia fazer uma, mas quando começou a pegar fogo, ela refletiu na água, que refletia a luz da lua cheia, e, por fim, sentamos em volta dela. Nisso, ouvimos o relógio dar 12 badaladas, que ficou ecoando na varanda, e minha vó começava:

-Dizem, as pessoas que moraram nessa casa, - enquanto ela falava, eu ia já comentando com Thays que ela tinha acabado de inventar e que era tudo mentira aquela história. Descobri também que não... ela continuava - que antigamente, no porão desta casa, a mulher de Tomás, um dos antigos moradores, encontrou um livro trancado por um cadeado. Elisandra (a mulher), pegou o livro, tentou abri-lo, mas não conseguiu, só aí que viu a chave em cima da mesa, imediatamente chamou Tomás, que ficou com muito medo, mas com a curiosidade que não dava para não abrir o livro. Então abriram...

Nesse momento, Thays notou que as folhas das árvores se mexiam, coisa muito estranha pois não havia vento naquela noite. Nós duas nos olhamos, decidi falar para minha mãe que ia beber água com a Thays. Em vez de ir para a cozinha, fomos até o porão, e fizemos um sacrifício para abrir aquela imensa porta, e entramos.

Eu já tinha pensado que aquilo que minha vó contara poderia ser verdade, mas não pensava que eu que ia ver o livro... pois vimos... vimos o livro da história da minha vó, em volta dele, não estavam apenas o corpo de Tomás e Elisandra caídos no chão, mas também havia assombrações e espíritos de pessoas. Thays, em desespero total, viu a chave caída no chão, e falou que nós poderíamos fechar o livro e a maldição ia se acabar. Enquanto brigávamos para ver quem ia fechar o livro, todas aquelas terríveis coisas que eu pensava que era minha imaginação pararam e olharam para nós. Não dava mais tempo para pensar em quem ia fechar o livro, então Thays resolveu fazer alguma coisa da vida, saiu corrrendo em direção aos fantasmas, pegou o livro e fechou acabando de vez com aquela história.

E desde então eu nunca mais vi as coisas que via...

12 de outubro de 2009

Apresentação - Bella

Oi, eu sou a Bella. (Bella is bad. Bella is dangerous.) Eu também vou escrever algumas histórias (acho que tudo de terror) inventadas por mim, tô escrevendo uma no meu livro só que ela ainda não está pronta xD Prometo que quando acabar de escrever ela eu posto... Dá um suspense aquela história *.*

O Conto do Gato Preto

Por Edgar Allan Poe.
Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa, tratando-se de um caso que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã posso morrer e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Devido a suas conseqüências, tais acontecimentos me aterrorizaram, torturaram e destruíram. No entanto, não tentarei esclarecê-los. Em mim, quase não produziram outra coisa senão horror - mas, em muitas pessoas, talvez lhes pareçam menos terríveis que grotescos. Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum - uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que a minha, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais.

Desde a infância, tornaram-se patentes a docilidade e o sentido humano de meu caráter. A ternura de meu coração era tão evidente, que me tornava alvo dos gracejos de meus companheiros. Gostava, especialmente, de animais, e meus pais me permitiam possuir grande variedade deles. Passava com eles quase todo o meu tempo, e jamais me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer ou os acariciava. Com os anos, aumentou esta peculiaridade de meu caráter e, quando me tornei adulto, fiz dela uma das minhas principais fontes de prazer. Aos que já sentiram afeto por um cão fiel e sagaz, não preciso dar-me ao trabalho de explicar a natureza ou a intensidade da satisfação que se pode ter com isso. Há algo, no amor desinteressado, e capaz de sacrifícios, de um animal, que toca diretamente o coração daqueles que tiveram ocasiões freqüentes de comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade de um simples homem.

Casei cedo, e tive a sorte de encontrar em minha mulher disposição semelhante à minha. Notando o meu amor pelos animais domésticos, não perdia a oportunidade de arranjar as espécies mais agradáveis de bichos. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um cão, coelhos, um macaquinho e um gato.

Este último era um animal extraordinariamente grande e belo, todo negro e de espantosa sagacidade. Ao referir-se à sua inteligência, minha mulher, que, no íntimo de seu coração, era um tanto supersticiosa, fazia freqüentes alusões à antiga crença popular de que todos os gatos pretos são feiticeiras disfarçadas. Não que ela se referisse seriamente a isso: menciono o fato apenas porque aconteceu lembrar-me disso neste momento.

Pluto - assim se chamava o gato - era o meu preferido, com o qual eu mais me distraía. Só eu o alimentava, e ele me seguia sempre pela casa. Tinha dificuldade, mesmo, em impedir que me acompanhasse pela rua.

Nossa amizade durou, desse modo, vários anos, durante os quais não só o meu caráter como o meu temperamento -enrubesço ao confessá-lo - sofreram, devido ao demônio da intemperança, uma modificação radical para pior. Tornava-me, dia a dia, mais taciturno, mais irritadiço, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Sofria ao empregar linguagem desabrida ao dirigir-me à minha mulher. No fim, cheguei mesmo a tratá-la com violência. Meus animais, certamente, sentiam a mudança operada em meu caráter. Não apenas não lhes dava atenção alguma, como, ainda, os maltratava. Quanto a Pluto, porém, ainda despertava em mim consideração suficiente que me impedia de maltratá-lo, ao passo que não sentia escrúpulo algum em maltratar os coelhos, o macaco e mesmo o cão, quando, por acaso ou afeto, cruzavam em meu caminho. Meu mal, porém, ia tomando conta de mim - que outro mal pode se comparar ao álcool? - e, no fim, até Pluto, que começava agora a envelhecer e, por conseguinte, se tornara um tanto rabugento, até mesmo Pluto começou a sentir os efeitos de meu mau humor.

Certa noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e uma perversidade mais do que diabólica, causada pela genebra, fez vibrar todas as fibras de meu ser. Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos! Enrubesço, estremeço, abraso-me de vergonha, ao referir-me, aqui, a essa abominável atrocidade.

Quando, com a chegada da manhã, voltei à razão - dissipados já os vapores de minha orgia noturna -, experimentei, pelo crime que praticara, um sentimento que era um misto de horror e remorso; mas não passou de um sentimento superficial e equívoco, pois minha alma permaneceu impassível. Mergulhei novamente em excessos, afogando logo no vinho a lembrança do que acontecera.

Entrementes, o gato se restabeleceu, lentamente. A órbita do olho perdido apresentava, é certo, um aspecto horrendo, mas não parecia mais sofrer qualquer dor. Passeava pela casa como de costume, mas, como bem se poderia esperar, fugia, tomado de extremo terror, à minha aproximação. Restava-me ainda o bastante de meu antigo coração para que, a princípio, sofresse com aquela evidente aversão por parte de um animal que, antes, me amara tanto. Mas esse sentimento logo se transformou em irritação. E, então, como para perder-me final e irremissivelmente, surgiu o espírito da perversidade. Desse espírito, a filosofia não toma conhecimento. Não obstante, tão certo como existe minha alma, creio que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano - uma das faculdades, ou sentimentos primários, que dirigem o caráter do homem. Quem não se viu, centenas de vezes, a cometer ações vis ou estúpidas, pela única razão de que sabia que não devia cometê-las? Acaso não sentimos uma inclinação constante, mesmo quando estamos no melhor de nosso juízo, para violar aquilo que é lei, simplesmente porque a compreendemos como tal? Esse espírito de perversidade, digo eu, foi a causa de minha queda final. O vivo e insondável desejo da alma de atormentar-se a si mesma, de violentar sua própria natureza, de fazer o mal pelo próprio mal, foi o que me levou a continuar e, afinal, a levar a cabo o suplício que infligira ao inofensivo animal. Uma manhã, a sangue frio, meti-lhe um nó corredio em torno do pescoço e enforquei-o no galho de uma árvore. Fi-lo com os olhos cheios de lágrimas, com o coração transbordante do mais amargo remorso. Enforquei-o porque sabia que ele me amara, e porque reconhecia que não me dera motivo algum para que me voltasse contra ele. Enforquei-o porque sabia que estava cometendo um pecado - um pecado mortal que comprometia a minha alma imortal, afastando-a, se é que isso era possível, da misericórdia infinita de um Deus infinitamente misericordioso e infinitamente terrível.

Na noite do dia em que foi cometida essa ação tão cruel, fui despertado pelo grito de "fogo!". As cortinas de minha cama estavam em chamas. Toda a casa ardia. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. A destruição foi completa. Todos os meus bens terrenos foram tragados pelo fogo,e, desde então, me entreguei ao desespero.

Não pretendo estabelecer relação alguma entre causa e efeito - entre o desastre e a atrocidade por mim cometida. Mas estou descrevendo uma seqüência de fatos, e não desejo omitir nenhum dos elos dessa cadeia de acontecimentos. No dia seguinte ao do incêndio, visitei as ruínas. As paredes, com exceção de uma apenas, tinham desmoronado. Essa única exceção era constituída por um fino tabique interior, situado no meio da casa, junto ao qual se achava a cabeceira de minha cama. O reboco havia, aí, em grande parte, resistido à ação do fogo - coisa que atribuí ao fato de ter sido ele construído recentemente. Densa multidão se reunira em torno dessa parede, e muitas pessoas examinavam, com particular atenção e minuciosidade, uma parte dela. As palavras "estranho!", "singular!", bem como outras expressões semelhantes, despertaram-me a curiosidade. Aproximei-me e vi, como se gravada em baixo-relevo sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem era de uma exatidão verdadeiramente maravilhosa. Havia uma corda em torno do pescoço do animal.

Logo que vi tal aparição - pois não poderia considerar aquilo como sendo outra coisa -, o assombro e terror que se me apoderaram foram extremos. Mas, finalmente, a reflexão veio em meu auxílio.O gato, lembrei-me, fora enforcado num jardim existente junto à casa. Aos gritos de alarma, o jardim fora imediatamente invadido pela multidão. Alguém deve ter retirado o animal da árvore, lançando-o, através de uma janela aberta, para dentro do meu quarto. Isso foi feito, provavelmente, com a intenção de despertar-me. A queda das outras paredes havia comprimido a vítima de minha crueldade no gesso recentemente colocado sobre a parede que permanecera de pé. A cal do muro, com as chamas e o amoníaco desprendido da carcaça produzira a imagem tal qual eu agora a via.

Embora isso satisfizesse prontamente minha razão, não conseguia fazer o mesmo, de maneira completa, com minha consciência, pois o surpreendente fato que acabo de descrever não deixou de causar-me, apesar de tudo, profunda impressão. Durante meses, não pude livrar-me do fantasma do gato e, nesse espaço de tempo, nasceu em meu espírito uma espécie de sentimento que parecia remorso, embora não o fosse. Cheguei, mesmo, a lamentar a perda do animal e a procurar, nos sórdidos lugares que então freqüentava, outro bichano da mesma espécie e de aparência semelhante que pudesse substituí-lo.

Uma noite, em que me achava sentado, meio aturdido, num antro mais do que infame, tive a atenção despertada, subitamente, por um objeto negro que jazia no alto de um dos enormes barris, de genebra ou rum, que constituíam quase que o único mobiliário do recinto.Fazia já alguns minutos que olhava fixamente o alto do barril, e o que então me surpreendeu foi não ter visto antes o que havia sobre o mesmo. Aproximei-me e toquei-o com a mão. Era um gato preto, enorme - tão grande quanto Pluto - e que, sob todos os aspectos, salvo um, se assemelhava a ele. Pluto não tinha um único pêlo branco em todo o corpo - e o bichano que ali estava possuía uma mancha larga e branca, embora de forma indefinida, a cobrir-lhe quase toda a região do peito.

Ao acariciar-lhe o dorso, ergueu-se imediatamente, ronronando com força e esfregando-se em minha mão, como se a minha atenção lhe causasse prazer. Era, pois, o animal que eu procurava. Apressei-me em propor ao dono a sua aquisição, mas este não manifestou interesse algum pelo felino. Não o conhecia; jamais o vira antes.

Continuei a acariciá-lo e, quando me dispunha a voltar para casa, o animal demonstrou disposição de acompanhar-me. Permiti que o fizesse - detendo-me, de vez em quando, no caminho, para acariciá-lo. Ao chegar, sentiu-se imediatamente à vontade, como se pertencesse a casa, tornando-se logo, um dos bichanos preferidos de minha mulher.

De minha parte, passei a sentir logo aversão por ele. Acontecia, pois, justamente o contrário do que eu esperava. Mas a verdade é que - não sei como nem por que - seu evidente amor por mim me desgostava e aborrecia.

Lentamente, tais sentimentos de desgosto e fastio se converteram no mais amargo ódio. Evitava o animal. Uma sensação de vergonha, bem como a lembrança da crueldade que praticara, impedia-me de maltratá-lo fisicamente. Durante algumas semanas, não lhe bati nem pratiquei contra ele qualquer violência; mas, aos poucos - muito gradativamente -, passei a sentir por ele inenarrável horror, fugindo, em silêncio, de sua odiosa presença, como fugisse de uma peste.

Sem dúvida, o que aumentou o meu horror pelo animal foi a descoberta, na manhã do dia seguinte ao que o levei para casa, que, como Pluto, também havia sido privado de um do olhos. Tal circunstância, porém, apenas contribuiu para que minha mulher sentisse por ele maior carinho, pois, como já disse, era dotada, em alto grau, dessa ternura de sentimentos que constituíra, em outros tempos, um de meus traços principais, bem como fonte de muitos de meus prazeres mais simples e puros.

No entanto, a preferência que o animal demonstrava pela minha pessoa parecia aumentar em razão direta da aversão que sentia por ele. Seguia-me os passos com uma pertinácia que dificilmente poderia fazer com que o leitor compreendesse. Sempre que me sentava, enrodilhava-se embaixo de minha cadeira, ou me saltava ao colo, cobrindo-me com suas odiosas carícias. Se me levantava para andar, metia-se-me entre as pernas e quase me derrubava, ou então, cravando suas longas e afiadas garras em minha roupa, subia por ela até o meu peito. Nessas ocasiões, embora tivesse ímpetos de matá-lo de um golpe, abstinha-me de fazê-lo devido, em parte, à lembrança de meu crime anterior, mas, sobretudo - apresso-me a confessá-lo -, pelo pavor extremo que o animal me despertava.

Esse pavor não era exatamente um pavor de mal físico e, contudo, não saberia defini-lo de outra maneira. Quase me envergonha confessar - sim, mesmo nesta cela de criminoso -, quase me envergonha confessar que o terror e o pânico que o animal me inspirava eram aumentados por uma das mais puras fantasias que se possa imaginar. Minha mulher, mais de uma vez, me chamara a atenção para o aspecto da mancha branca a que já me referi,e que constituía a única diferença visível entre aquele estranho animal e o outro, que eu enforcara. O leitor, decerto, se lembrará de que aquele sinal, embora grande, tinha, a princípio, uma forma bastante indefinida. Mas, lentamente, de maneira quase imperceptível - que a minha imaginação, durante muito tempo, lutou por rejeitar como fantasiosa -, adquirira, por fim, uma nitidez rigorosa de contornos. Era, agora, a imagem de um objeto cuja menção me faz tremer... e, sobretudo por isso, eu o encarava como a um monstro de horror e repugnância, da qual eu, se tivesse coragem, me teria livrado. Era agora, confesso, a imagem de uma coisa odiosa, abominável: a imagem da forca! Oh, lúgubre e terrível máquina de horror e de crime, de agonia e de morte!

Na verdade, naquele momento eu era um miserável - um ser que ia além da própria miséria da humanidade. Era uma besta-fera, cujo irmão fora por mim desdenhosamente destruído... Uma besta-fera que se engendrara em mim, insuportável infortúnio! Ai de mim! Nem de dia, nem de noite, conheceria jamais a bênção do descanso! Durante o dia, o animal não me deixava a sós um único momento; e, à noite, despertava de hora em hora, tomado do indescritível terror de sentir o hálito quente da coisa sobre o meu rosto, e o seu enorme peso - encarnação de um pesadelo que não podia afastar de mim - pousado eternamente sobre o meu coração!

Sob a pressão de tais tormentos, sucumbiu o pouco que restava em mim de bom. Pensamentos maus converteram-se em meus únicos companheiros - os mais sombrios e os mais perversos dos pensamentos. Minha rabugice habitual se transformou em ódio por todas as coisas e por toda a humanidade - e, enquanto eu, agora, me entregava cegamente a súbitos, freqüentes e irreprimíveis acessos de cólera, minha mulher - pobre dela! - não se queixava nunca, convertendo-se na mais paciente e sofredora das vítimas.

Um dia, acompanhou-me, para ajudar-me numa das tarefas domésticas, até o porão do velho edifício em que nossa pobreza nos obrigava a morar. O gato seguiu-nos e, quase me fazendo rolar escada abaixo, me exasperou a ponto de perder o juízo. Apanhando uma machadinha e esquecendo o terror pueril que até então contivera minha mão, dirigi ao animal um golpe que teria sido mortal, se atingisse o alvo. Mas minha mulher segurou-me o braço, detendo o golpe. Tomado, então, de fúria demoníaca, livrei o braço do obstáculo que o detinha e cravei-lhe a machadinha no cérebro. Minha mulher caiu morta instantaneamente, sem lançar um gemido.

Realizado o terrível assassínio, procurei, movido por súbita resolução, esconder o corpo. Sabia que não poderia retirá-lo da casa, nem de dia nem de noite, sem correr o risco de ser visto pelos vizinhos. Ocorreram-me vários planos. Pensei, por um instante, em cortar o corpo em pequenos pedaços e destruí-los por meio do fogo. Resolvi, depois, cavar uma fossa no chão da adega. Em seguida, pensei em atirá-lo ao poço do quintal. Mudei de idéia e decidi mantê-lo num caixote, como se fosse uma mercadoria, na forma habitual, fazendo com que um carregador o retirasse da casa. Finalmente, tive uma idéia que me pareceu muito mais prática: resolvi emparedá-lo na adega, como faziam os monges da Idade Média com as suas vítimas.

Aquela adega se prestava muito bem para tal propósito. As paredes não haviam sido construídas com muito cuidado e, pouco antes, haviam sido cobertas, em toda a sua extensão, com um reboco que a umidade impedira de endurecer. Ademais, havia uma saliência numa das paredes, produzida por alguma chaminé ou lareira, que fora tapada para que se assemelhasse ao resto da adega. Não duvidei de que poderia facilmente retirar os tijolos naquele lugar, introduzir o corpo e recolocá-los do mesmo modo, sem que nenhum olhar pudesse descobrir nada que despertasse suspeita.

E não me enganei em meus cálculos. Por meio de uma alavanca, desloquei facilmente os tijolos e, tendo depositado o corpo, com cuidado, de encontro à parede interior, segurei-o nesta posição, até poder recolocar, sem grande esforço, os tijolos em seu lugar, tal como estavam anteriormente. Arranjei cimento, cal e areia e, com toda a precaução possível, preparei uma argamassa que não se poderia distinguir da anterior, cobrindo com ela, escrupulosamente, a nova parede. Ao terminar, senti-me satisfeito, pois tudo correra bem. A parede não apresentava o menor sinal de ter sido rebocada. Limpei o chão com o maior cuidado e, lançando o olhar em torno, disse, de mim para comigo: "Pelo menos aqui, o meu trabalho não foi em vão".

O passo seguinte foi procurar o animal que havia sido a causa de tão grande desgraça, pois resolvera, finalmente, matá-lo. Se, naquele momento, tivesse podido encontrá-lo, não haveria dúvida quanto à sua sorte: mas parece que o esperto animal se alarmara ante a violência de minha cólera, e procurava não aparecer diante de mim enquanto me encontrasse naquele estado de espírito. Impossível descrever ou imaginar o profundo e abençoado alívio que me causava a ausência de tão detestável felino. Não apareceu também durante a noite - e, assim, pela primeira vez, desde sua entrada em casa, consegui dormir tranqüilo e profundamente. Sim, dormi mesmo com o peso daquele assassínio sobre a minha alma.

Transcorreram o segundo e o terceiro dia- e o meu algoz não apareceu. Pude respirar, novamente, como homem livre. O monstro, aterrorizado fugira para sempre de casa. Não tornaria a vê-lo! Minha felicidade era infinita! A culpa de minha tenebrosa ação pouco me inquietava. Foram feitas algumas investigações, mas respondi prontamente a todas as perguntas. Procedeu-se, também, a uma vistoria em minha casa, mas, naturalmente, nada podia ser descoberto. Eu considerava já como coisa certa a minha felicidade futura.

No quarto dia após o assassinato, uma caravana policial chegou, inesperadamente, a casa, e realizou, de novo, rigorosa investigação. Seguro, no entanto, de que ninguém descobriria jamais o lugar em que eu ocultara o cadáver, não experimentei a menor perturbação. Os policiais pediram-me que os acompanhasse em sua busca. Não deixaram de esquadrinhar um canto sequer da casa. Por fim, pela terceira ou quarta vez, desceram novamente ao porão. Não me alterei o mínimo que fosse. Meu coração batia calmamente, como o de um inocente. Andei por todo o porão, de ponta aponta. Com os braços cruzados sobre o peito, caminhava, calmamente, de um lado para outro. A polícia estava inteiramente satisfeita e preparava-se para sair.O júbilo que me inundava o coração era forte demais para que pudesse contê-lo. Ardia de desejo de dizer uma palavra, uma única palavra, à guisa de triunfo, e também para tornar duplamente evidente a minha inocência.

- Senhores - disse, por fim, quando os policiais já subiam a escada -, é para mim motivo de grande satisfação haver desfeito qualquer suspeita. Desejo a todos os senhores uma ótima saúde e um pouco mais de cortesia. Diga-se de passagem, senhores, que esta é uma casa muito bem construída... (quase não sabia o que dizia, em meu insopitável desejo de falar com naturalidade) Poderia, mesmo, dizer que é uma casa excelentemente construída. Estas paredes - os senhores já se vão? -, estas paredes são de grande solidez.

Nessa altura, movido por pura e frenética fanfarronada, bati com força, com a bengala que tinha na mão, justamente na parte da parede atrás da qual se achava o corpo da esposa de meu coração.

Que Deus me guarde e livre das garras de Satanás! Mal o eco das batidas mergulhou no silêncio, uma voz me respondeu do fundo da tumba, primeiro com um choro entrecortado e abafado, como os soluços de uma criança; depois, de repente, com um grito prolongado, estridente, contínuo, completamente anormal e inumano. Um uivo, um grito agudo, metade de horror, metade de triunfo, como somente poderia ter surgido do inferno, da garganta dos condenados, em sua agonia, e dos demônios exultantes com a sua condenação.

Quanto aos meus pensamentos, é loucura falar. Sentindo-me desfalecer, cambaleei até a parede oposta. Durante um instante, o grupo de policiais deteve-se na escada, imobilizado pelo terror. Decorrido um momento, doze braços vigorosos atacaram a parede, que caiu por terra. O cadáver, já em adiantado estado de decomposição, e coberto de sangue coagulado, apareceu, ereto, aos olhos dos presentes. Sobre sua cabeça, com a boca vermelha dilatada e o único olho chamejante, achava-se pousado o animal odioso, cuja astúcia me levou ao assassínio e cuja voz reveladora me entregava ao carrasco. Eu havia emparedado o monstro dentro da tumba!

11 de outubro de 2009

Apresentação - Cáh

Oooooooi *-* Sou a Cáh, uma das autoras do blog. Esse blog foi feito para as minhas histórias e as da Bella não ficarem mofando. Não existe uma freqüência exata para as postagens, sempre que quisermos colocar alguma história aqui colocaremos. Talvez a gente coloque algumas outras histórias interessantes, e eu já penso em uma coisa. Mas não vou dizer sem falar com a Bella. Bella is bad. Bella is dangerous.


Então, gente, acompanhem o blog, agüentem a demora pelos capítulos seguintes e se divirtam.


Beijos da Cáh =*