17 de novembro de 2009

Renée - Parte III: Falido

Tinham se passado dezesseis anos desde que eu chegara ali. O orfanato fechou por falta de recursos financeiros. Todos os pertences das crianças foram devolvidos e tivemos que sair, numa cinzenta e chuvosa manhã de terça-feira.



Eu saí decidida a ter uma vida pelo menos aceitável. Não me acostumaria a me desdobrar para conseguir comprar alguma coisinha, ou ter que morar na rua. Eu passei o dia todo, desde que saí, tentando achar um lugar para morar, pelo menos uma noite, e com um pouco de sorte eu acharia um emprego. Depois eu pagaria. Mas não precisavam saber disso, é claro.


Achei uma pensão razoavelmente boa, onde me hospedei. A dona era uma velhinha muito simpática, cabelos brancos, baixa e magrinha, Sra. Linch. Acomodei-me num quarto com um ar antigo, móveis grandes de madeira, com grandes puxadores trabalhados de um metal que lembrava prata envelhecida, uma cama com uma cabeceira de madeira também esculpida, uma lareira de tijolinhos com um fogo vivo e esperto crepitando. Tomei um bom banho no banheiro ao lado e, assim que me deitei, adormeci.

~x~


Acordei no outro dia atordoada, sem saber onde estava, até que me lembrei do dia anterior. Totalmente compreensível, pois eu acordava no mesmo quarto desde que eu me conhecia por gente, e não estava acostumada com aquele ambiente novo.


Tomei café da manhã com a Sra. Linch, pois era a única hóspede. Eu contei minha situação, tendo o cuidado de não dizer que não tinha dinheiro, e ela disse que tinha uma amiga que era dona de uma loja de roupas que procurava empregados.


Fui até a loja de roupas. Lá, entenderam minha situação e me deram emprego como lojista. Já podia pagar a moradia e comprar alguma coisa que eu precisasse. Voltei para a pensão, e, sem nem ir jantar, dormi profundamente.

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