19 de outubro de 2009

A Mulher Da Cadeira De Pregos - Parte II: Tomando chá com a coisa

Olhamos para a coisa de espinhos na cabeça. Ela vinha em nossa direção, decidimor correr, óbvio, mas não sei como, corri mais do que eu sempre corria na escola, voltamos para a sala, pulamos o tapete e abrimos a porta. Corrigindo: TENTAMOS abrir a porta. Ela não abria. Corremos até a cozinha. Não dava para decidir com calma em que porta entrar, entramos na última. Também tinha uma escada, pensei que com certeza ela também levaria àquele quartinho, voltamos, entramos na primeira, estavamos muito assustados para perceber que a coisa estava atrás de nós. quando percebemos, vimos que era uma mulher, uma mulher toda ensanguentada, uma mulher toda ensanguentada numa cadeira de rodas, uma mulher toda ensanguentada numa cadeira de rodas e com pregos na cabeça.


Pensei que iríamos morrer naquele momento, pensei qualquer coisa naquele momento, não dava para pensar vendo uma mulher horrível cheia de sangue com pregos na cabeça e numa cadeira de rodas. Mas, em vez dela nos matar, fazer qualquer coisa com nós, ela nos levou para o segundo quarto, onde havia uma mesa, copos e pratos. apontou para as cadeiras, acho que ela queria que a gente sentasse. Sentamos logo, vai saber o que ela poderia fazer com nós se não sentássemos. Ela foi até a geladeira (que, por sinal, era menor que todo mundo), pegou uma jarra, e alguma coisa embrulhada em um papel de cozinha.


Não sei por que, mas eu estava sentada em último na mesa, muito longe dela, e em vez dela servir primeiro aquela coisa para o Mike, veio em minha direção, colocou a coisa que estava dentro da jarra (chá) no meu copo, tirou o embrulho e colocou um salgado no meu prato. Pensei que tudo aquilo estava envenenado, e estava quase falando que não iria comer aquilo nem beber o chá, mas veio outro pensamento: eu estava nas mãos dela, ela podia fazer o que quisesse com nós todos, que ninguém ia ficar sabendo. Decidi primeiro tomar o chá. Olhei para ela, a luz do luar refletiu nos seus olhos, e vi que ela não tinha olhos!! Bem, ter ela tinha, só que pareciam que era de vidros, me estremeci toda e fiquei arrepiada, enquanto levava o copo até minha boca, pensando que aquela noite seria o fim da minha vida. Tomei o chá, uma delícia, olhei para ela, ela olhou para o salgado. Peguei o salgado e dei uma mordida, olhei para ela de novo, ela olhou para mim e deu um sorrisinho (parecia que ela não escovava os dentes a anos e anos!)


Depois, foi a vez de Jess, fez o mesmo procedimento, ele olhou para ela, olhou para mim e começou a ficar vermelho, e eu olhei para ele com uma cara de "Toma logo se não ela te mata"... Ele tomou e comeu o salgado, ela deu um sorrisinho e foi a vez de Carol. Aconteceu sempre a mesma coisa, mas quando chegou na vez de Cindy, ela não queria tomar, e quando Cindy decidia alguma coisa não tinha ninguém que fizesse ela mudar de idéia. A coisa, assim como eu defini naquele momento, e acho que como todo mundo definiu ela desse nome, olhou para a Cindy, seus olho de vidro começaram a ficar mais vermelhor, ela entortava a sombrancelha, quando foi com tudo para cima de Cindy, que decidiu tomar logo o chá antes que a coisa a matasse. Tomou e comeu, e foi a vez de Mike, que não aguentando mais quilo também tomou e comeu rapidamente, depois ela se sentou na única cadeira que sobrava, então que percebi: como ela tinha exatamente a quantidade de cadeiras necessárias para nós e para ela? Será que ela ficava nos espionando, será que ela via o futuro, será que ela era de outro planeta, será que ela era mutante? Tantas perguntas se passavam na minha cabeça que nem percebi que a coisa já estava do meu lado. Ela olhava para mim, como se soubesse o que eu estava pensando, e eu olhava par ela, fazendo sempre as mesmas perguntas. Ela decidiu se sentar de novo. Todo mundo olhava atenciosamente para ela, quando abriu os lábios, ia falar alguma coisa, eu pensei que ela não falava, todo mundo ficou assustado e ela começou:


- Sou Jasy Tames, fui abondonada por meus pais quando criança. Eles me embrulharam em um saco de lixo, e me jogaram no rio. Depois disso, não sei se alguém me achou, se eu fui adotada, não lembro, perdi a memória com a pancada na cabeça que levei quando eles me tacaram no rio. Só sei que morri. - quando ela falou aquelas palavras, todo mundo levantou da cadeira, mas ela olhava para nós com uma cara de carente, que eu, pelo menos, decidi sentar, acho que ela era solitária, morreu quando criança, e queria saber mais sobre sua vida, porque aí poderíamos mudar o nome dela de A Coisa para Jasy Tames. Como todo mundo me viu sentar, sentaram também, e ela sempre continuava, olhando para cada um de nós com seus olhos de vidro que pareciam ser muito solitários. - Depois que morri, como eu pensava em toda a minha vida, não fui para o céu, fiquei aqui, e sempre vivia andando por aí, sem ninguém me ver, sem ninguém falar comigo. Quando era adolecente, uns homens vieram aqui e construíram essa casa, só que ninguém morava aqui, então decidi vir, pelo menos quando chovia eu tinha onde me abrigar. E estou aqui até hoje, e contam, não sei como voces ainda não ouviram essa história, contam que essa casa é mal assombrada, porque as pessoas que moravam pelo bairro sempre que passavam aqui viam uma coisa brilhante passando na janela, e uma vez uma menina decidiu entrar aqui, e nunca mais saiu. Se essa menina entrou, existe outra pessoa aqui que eu não sei, porque não vi menina nenhuma entrar, até hoje, as únicas pessoas que eu falei foi com vocês, minha professora, e minha melhor amiga, porque nem podia chegar perto dos meus pais que pareciam que eles tinham nojo de mim.


Depois de ouvir isso, não acreditei que fiquei com medo de entrar naquela casa, mas não me contia a vontade então falei:

-Sem magoar você, mas como você ficou com essa cadeira de rodas e....

-Pequeno detalhe que esqueci de contar, é que quando eu era criança, bati minha coluna vertebral e perdi o sentido da cintura para baixo, então comecei a usar cadeira de rodas, estou toda ensanguentada por causa desses pregos, e estou com esse pregos porque.... é, não sei bem porque, mas já faz tanto tempo que não sinto mais nada.


Não sabia o que viria depois, mais sabia que aquela coisa, ou melhor, que a Jasy Tames não fazia mal algum, ou pelo menos achava que não fazia, estava tão confusa que nem sabia o que pensar...

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